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Com autismo e TDAH, moradora de Santa Bárbara cursa terceira faculdade

Por Eleine - 25 de março de 2024

Uma vida, muitas histórias: a jornada inspiradora de Maria Regina

Cursar três faculdades distintas já seria, por si só, um feito marcante. No entanto, a trajetória de Maria Regina Rodrigues Scorsato, de 52 anos, moradora de Santa Bárbara d’Oeste, vai muito além. Por isso, ela mesma brinca: “Tem gente que fala que vivi muitas vidas em uma”.

O diagnóstico que transformou o olhar sobre si mesma

Em 2023, após uma vida inteira sendo vista como uma “pessoa difícil”, Maria Regina recebeu o diagnóstico tardio de autismo. Na época, ela já cursava Medicina Veterinária na FAM – Faculdade de Americana. “Eu tinha dificuldade de interação social e hoje eu entendo. Antes, achava que estava toda errada. Não que o diagnóstico seja uma muleta, mas saber me traz escolhas sobre o que eu quero mudar e o que não faço questão”, reflete.

Dos números às pessoas: o caminho da vocação

Com altas habilidades em exatas, Maria Regina ingressou, aos 17 anos, no curso de Física Nuclear da USP. Depois de se formar, atuou com laudos de ressonância e tomografia. Mais tarde, o interesse por pessoas e cuidado a levou a seguir a área da saúde. “Cuidar me traz satisfação. Em algum momento, desenvolvi um hiperfoco nesse sentido”, pontua. Além do autismo, ela também recebeu o diagnóstico de TDAH.

Uma carreira marcada por dedicação e coragem

Ao longo do tempo, Maria Regina também concluiu a formação técnica e superior em enfermagem. Além disso, cursou duas pós-graduações e iniciou um mestrado. Em 2008, aceitou o convite do governo de Angola e participou da primeira cirurgia cardíaca realizada no país. “Foi transformador. Lá, a gente vê até onde chega a miséria humana.”

Reinvenções e novos recomeços

De volta ao Brasil, ela se reinventou: trabalhou em diferentes áreas e se destacou como maquiadora. No entanto, durante a pandemia, o chamado da profissão falou mais alto, e ela retornou à enfermagem. Atuou na linha de frente até 2021, encerrando esse ciclo com um quadro de depressão. Em seguida, empreendeu no marketing digital. Contudo, enfrentou a síndrome de Burnout, o que a levou a procurar ajuda profissional e, assim, receber os diagnósticos que mudaram sua percepção.

A realização de um sonho antigo

Apesar das dificuldades, Maria Regina encontrou novos propósitos. Em 2023, ingressou na Medicina Veterinária da FAM. Apaixonada por animais — atualmente cuida de 12 — ela vê a escolha como uma extensão de sua vocação por cuidar. Curiosamente, na infância, quando questionada sobre o que queria ser ao crescer, ela sempre respondia: “veterinária”.

Projetos para o futuro

Hoje no segundo semestre do curso, Maria Regina já idealiza um projeto de cães de suporte emocional com animais sem raça definida. A ideia é treinar vira-latas para ajudar pessoas com crises emocionais, especialmente aquelas que não podem arcar com os custos. “Acredito no potencial do projeto e dos vira-latas”, afirma.

Para isso, ela pretende contar com o apoio de pessoas e empresas que queiram apadrinhar o treinamento dos cães, que, por sua vez, devem vir de ONGs. Portanto, o projeto também gera impacto social e promove o acolhimento de animais abandonados.

Ainda mais planos pela frente?

Questionada se essa será sua última faculdade, ela sorri. “Vou terminar a faculdade com 56 anos. Já é uma idade que não dá para se aventurar tanto assim, mas acho que faria Medicina”, conclui, com brilho nos olhos e sede por conhecimento.

Texto por Jucimara Lima, em Liberal

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